sexta-feira, 25 de abril de 2008

Frida Kahlo: uma mulher de pedra dá luz à noite

Espetáculo teatro-coreográfico de Maura Baiocchi e Taanteatro Companhia.

no CIRCUITO CULTURAL PAULISTA




No palco, dor, perseverança, amor, intensidade e magnetismo
Rita Alves, Diário do Comércio

Excelente! Fantástico! Maravilhoso! Muito lindo! Fascinante!
Comentários do público


  • Programa Municipal de Fomento à Dança para São Paulo 2007
  • Espetáculo selecionado pelo PROART da Secretaria Municipal de Educação 2007/08
  • Circuito Cultural Paulista - Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo
  • Pré-selecionado para o FILO 08



Próximas apresentações:

24/05 Dracena - 14/06 Fernandópolis - 21/06 Tupã - 22/06 Lins - 29/06 Adamantina



Frida Kahlo (1907 - 1954)

foi a principal mediadora da relação entre herança nativa e cultura moderna de seu país, o México. A obra de Kahlo mostra uma busca por autenticidade relacionada à origem, nacionalidade, natureza, gênero e à criação de uma mitologia pessoal. Traduziu suas experiências, sobretudo as mais trágicas, em auto-retratos de rara beleza, incorporando seus dilemas e obsessões. Manteve vivo o diálogo com sua herança cultural polimorfa e a sua própria realidade psico-física.



O espetáculo

Frida Kahlo: uma mulher de pedra dá luz à noite é uma experiência radical e única de se dançar a força e o magnetismo que emanam da obra da artista que se confunde com sua própria vida. Uma aventura e um mergulho na força e fragilidade do universo feminino regido por: imaginação, inconformismo, independência, perseverança, foco e intensidade. Em busca das energias essenciais de Kahlo nos deparamos com seu ímpeto de sugar todo o prazer possível da vida e sua obsessão por sua própria face: armas contra o silêncio, a solidão e a extrema dor de um corpo devastado por sucessivas cirurgias e pelo amor por Diego Rivera - muralista e ativista político.

Trajetória

O espetáculo estreou em 1991 no TUCA em São Paulo como um solo de Maura Baiocchi. Representou o Brasil no Internacional Butoh & Related Arts Festival em Bremen/Alemanha em 1992. Em 1994 faz temporada no Teatro Municipal San Martin em Córdoba/Argentina marcando o início de um processo colaborativo entre a Taanteatro e artistas argentinos.
Circulou durante sete anos por diversas cidades da região Centro-Sul do Brasil. Em 2001, reformulado para duas atrizes - a própria Maura e Ilana Gorban - abriu a Mostra Taanteatro 10 Anos realizada na Fundação Nacional de Arte em São Paulo. Sua terceira montagem, em 2007 com recurso do programa de Fomento à Dança para a cidade São Paulo, concebida para três atrizes, é uma homenagem ao centenário de aniversário da pintora mexicana nascida em 6 de julho de 1907. Nesta nova encenação, aprimoramos os figurinos - inicialmente construídos pelo artista plástico e fashion designer Eurico Rocha - as coreografias, os textos, o cenário e a trilha sonora a partir de uma pergunta-enigma: se Frida Kahlo fosse viva hoje, o que teria a nos dizer sobre a atual realidade sócio-política latino americana e também mundial? Enigma que nos levou naturalmente a um procedimento ainda mais radical de desconstrução da nossa "mulher de pedra que dá luz à noite" e à sua conseqüente reterritorialização em novos e desafiadores caminhos cênicos. Essa luz que joga sobre tudo e todos, capaz de iluminar a noite mais escura não seria a sua capacidade de rir de si mesmo ?




Dramaturgia, direção, coreografia,trilha sonora, texto (organização), maquiagem e voz off | Maura Baiocchi

Elenco | Cristina Rasec, Liana Poiani, Maura Baiocchi
Assistente de direção | Fernanda Schaberle
Iluminação | Rodrigo Garcia
Figurino e adereços| Carina Casuscelli, Maura Baiocchi e Ana Cristina Ramos (assistente)
Música | Arvo Pärt e Mariachi
Composição original | Felipe Pires Ribeiro
Videoarte | Bruna de Araujo
Fotos | Ines Correa
Desenho gráfico do programa| Hiro Okita
Direção de produção e cenário | Wolfgang Pannek
Assistente de montagem | Kleber Ribeiro
Estagiária
| Mariana Maffei






quinta-feira, 27 de março de 2008

Taanteatro - teatro coreográfico de tensões


Autores: Maura Baiocchi e Wolfgang Pannek
Azougue Editorial - RJ - 2007

Prefácio de Peter Pál Pelbart

Quando uma artista do quilate de Maura Baiocchi decide compartilhar por escrito seu percurso criativo é porque sua experiência adensou-se a tal ponto que pede uma nova modalidade de propagação. Esse livro não é apenas o registro de um rico trajeto da autora e da Taanteatro Companhia na interface entre teatro, dança, performance, nem é só (embora também) um esforço respeitável em debruçar-se sobre sua produção a fim de enunciar a lógica de seu processo criativo, em meio aos árduos bastidores de um trabalho solitário, ainda que coletivo, e corajoso.

Este livro é também, e talvez sobretudo, uma obra por si só, onde os autores "põem em cena" por escrito os elementos que colheram ao longo do tempo, sejam eles conceitos, imagens, métodos, teorias, gestos, entrevistas, fotografias. O leitor se verá confrontado com um "arrastão" - em que os autores foram "roubando" tudo o que encontraram no seu caminho, a filosofia pré-socrática, a física quântica, as neurociências, a semiótica, a fisiologia, a psicologia transpessoal, a teoria do mandala etc. Mas nada disso é gratuito: o leitor tem a chance de vislumbrar, na pulsação daí resultante, aquilo que parece constituir o fundo da própria estética do taanteatro e de sua prática artística - a "coreografia das tensões". Para além de um teatro representacional, narrativo, dramático, que reserva à tensão um lugar pré-determinado, com funções de empatia ou identificação, e igualmente para além de um teatro épico, com seus efeitos de distanciamento e tomada de consciência, o taanteatro privilegia o teatro da crueldade e seus desdobramentos: a idéia física do teatro, a dimensão da convulsão, a linguagem anárquica, o domínio das forças, a matéria intensiva, o plano dos afectos, a prioridade da presentificação.

Distanciando-se do teatro psicológico ou social, privilegia-se aqui a anulação de fronteiras entre linguagens, o ritmo, as sonoridades, o gesto, o movimento, a descontinuidade. Inscrevendo-se na linhagem do teatro pós-dramático, o principal aqui é o corpo, com sua potência e seu gesto livres de sentido, com sua tensão própria. Evocando referências provenientes do butoh, dos movimentos de vanguarda, da dança contemporânea, da experiência antropofágica, vão afinando e precisando sua concepção singular de teatro, de tensão, de corpo. E ao buscar inspiração sobretudo em Nietzsche, Deleuze, Guattari, Lyotard, elaboram os conceitos originais de Vontade de Tensão, ou de Esquizopresença, entre muitos outros achados preciosos. Através do acoplamento de elementos díspares provenientes de filósofos diversos, e sobretudo a partir de sua rica experimentação ao longo das últimas décadas, apreende-se o que os autores entendem ser o estofo de sua arte e de seu método, muito justamente intitulada de coreografia das tensões. Atentos à qualidade das tensões, suas oscilações, níveis, limiares, se opõem ao performer e ator que não operam com essa matéria intensiva, apenas com a representação, o discursivo. Assim, o que é o mar para um performer? Não se trata de imitar a forma, mas como que captar a força do mar, ou do cavalo, não é trotar como um cavalo, mas ser tomado pela destreza, velocidade, selvageria... Como dizem os autores, não é preciso ir a um haras, numa hípica, ver filmes de cavalos... pois o mundo, essa multiplicidade de forças já está dentro de nós.. o maior perigo é interpretar, resvalar para a caricatura ou o estereótipo... a própria dança é um estado de gênese, sendo o corpo um lugar onde tudo é possível, um estado de potência. Afinal, o jogo das tensões é o plano do acontecimento, com sua dimensão incorporal, onde o sentido é precisamente esse entre, esse jogo. No fundo, criam-se processos em vez de obra, individua-se acontecimentos em vez de sujeitos ou objetos. Se Deleuze está aqui presente, é um Deleuze devorado no próprio processo de fermentação estética, e não erigido em instância de caução filosófica. No fundo, como todo artista, os autores precisam de aliados, eles convocam contigüidades, reconhecem filiações, estabelecem vizinhanças teóricas.

O livro de Maura Baiocchi e Wolfgang Pannek é um convite generoso para que o leitor penetre no universo que eles mesmos freqüentaram e a partir do qual fecundaram seu trabalho. Há momentos em que estamos diante de um relato autobiográfico, ou melhor, histórico-autobiográfico, há momentos em que lemos uma espécie de manifesto, em outros temos como que o protocolo da experimentação que foi desenvolvido junto com seus parceiros e atores, em outros tem-se como que um guia para interessados em iniciar-se a esse trajeto, tem-se ainda trechos onde há uma coleta de material múltiplo, como entrevistas mais coloquiais, registro de experiências, etc. O conjunto é múltiplo, variado, e o leitor vai sendo conduzido a um conjunto de entradas e aproximações as mais distintas ao taanteatro e ao que caracteriza essa concepção de teatro, nas suas relações com a dança, com o ritual, com a música, com a textualidade, com a corporeidade, com a materialidade, com a espiritualidade, com o cosmos, com a vida, com a filosofia. Como se vê, o trabalho tem, assim, uma tendência de ir percorrendo em círculos concêntricos esferas cada vez mais amplas, e no limite, a totalidade do universo. Isso tem a vantagem de favorecer as conexões, a multiplicidade das dimensões, a heterogeneidade das escalas, e vemos aí uma afinidade com o estilo de um Renato Cohen, mas sempre em função de uma perspectiva prospectiva, propositiva.Se há um esforço louvável de sistematização do método de trabalho, mesmo quando a matéria prima é o acaso, o imprevisto, a indeterminação, a deriva, o estranhamento, a dissonância, a partiturização do corpo, é preciso insistir nisso: o próprio livro já constitui, por si só, uma tal coreografia de tensões, no plano mesmo da escrita, com momentos de grande intensidade. Há uma página especialmente deslumbrante, em que os autores contam sua experiência no Teatro Oficina, e a preparação corporal dos atores do José Celso Martinez para "Os Sertões", na parte referente ao trans-homem. Ao analisar com grande perspicácia o corpo do teatro Oficina ("Sua expressão corporal era simples, direta, cotidiana, psicológica, com ênfase na insinuação sexual. Era recorrente a literalidade do movimento, duplicando ou reforçando o sentido já manifesto no texto da peça"), Maura Baiocchi e Wolfgang Pannek reivindicam algo mais, a desterritorialização do corpo, a onda-gesto, o gesto-passagem, o ser-mar-oficina, que desse passagem a essa "massa inconsciente e bruta, crescendo sem evolver, sem órgãos e sem funções especializadas", como diz Euclides, o polipeiro. Escrevem eles: "Se falamos de sexualidade, sensualidade ou o ato de comer, podermos fazer isso através de um corpo já territorializado, funcionalizado - fazer sexo com os órgãos genitais - quer dizer gestos, expressões já conhecidos. Ou: podemos comer com o corpo todo, encarar todo o corpo como uma vontade de sexo e digestão que copula e devora pelos olhos, braços, pés, pelos cabelos, pelas costas, pelo cérebro, que, resumindo, emana sensualidade, sexualidade e fome por todos os poros transando com o ar, entregue a um jogo cósmico de eros e thanatos. Podemos tentar ampliar nosso corpo, infectando nossa expressão pela dança do pólipo, tingindo nossa mente com seus coloridos fantásticos, sem restringir inconscientemente a nossa expressão a códigos exauridos cuja função principal reside em cooptar o público sem erotizar sua imaginação. Em termos práticos isso significa um enriquecimento de recursos, pois nada nos impede de voltar a fazer sexo ou de comer com os orifícios preferencialmente utilizados para essa tarefa. O Homem precisa ser criado - uma vez que o próprio termo "homem" ou "ser humano" não passa de uma convenção, como se fosse algo já conhecido, resolvido e acabado. Para ir além, para descobrir e criar algo novo a respeito da condição humana, necessitamos de um processo de des-humanização. O Transhomem exige um máximo de disposição, comprometimento e imaginação para transformações constantes de paradigma. É preciso fazer xixi pelo ouvido, e muito mais..."

A meu ver, nesse trecho maravilhoso está a experimentação encarnada do que é uma desterritorialização do corpo, do que é um corpo-sem-órgãos, do que são os devires, do que é o humano demasiadamente humano, o além-do-homem. Do mesmo modo, quando dizem que não existe o corpo em si em cena, mas o acontecimento cênico que ocorre no confronto e no casamento e nas passagens entre as forças múltiplas da polifonia teatral, e que o tônus cênico (tensão, energia) resulta do jogo dinâmico e vivo entre as cinco musculaturas, donde a porosidade, penetrabilidade e atividade irradiadora do mundo, eles já " puseram em cena pela escrita o cerne de sua concepção e de sua prática, acrescentando lindamente, sobre o performer: "Sua vontade de tensão vira também vontade de mistura e de composição, gerando uma perspectiva de fecunda imprevisibilidade. Na medida em que aprende a se lançar no entre, o performer se abre para o outro (não só o devir orgânico, humano e animal, mas também inorgânico), incorporando-o, tornando-o mestiço, monstruoso, ao mesmo tempo que entrega-se à devoração por outras forças da cena" Que esses poucos fragmentos sirvam de convite a um livro instigante e generoso, que poderá servir de estímulo a criadores e pesquisadores de várias áreas, sobretudo àqueles que sentem a urgência de repensar as práticas estéticas da contemporaneidade.

MANIFESTO MOBILIZAÇÃO DANÇA

POR UMA POLÍTICA PÚBLICA À DANÇA DE FOMENTO, PARTICIPAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO

O Movimento Mobilização Dança, preocupado com o panorama que começa a se apresentar em 2008, contribuindo para o estabelecimento de uma política cultural efetiva e continuada para o setor da dança apresenta seis demandas impreteríveis às autoridades competentes do poder público:

1. A utilização integral para 2008 da verba aprovada pela Câmara dos Vereadores de São Paulo ao Programa de Fomento à Dança no valor de R$ 4.900.000,00

2. Um encontro entre o Senhor João Sayad, Secretário de Cultura do Estado de São Paulo e uma comissão de profissionais da dança para a discussão das características dos editais do PAC. (Estado de São Paulo)

3. Seleção por editais públicos de comissões selecionadoras formadas por membros parcialmente indicados por entidades da sociedade civil e ampla divulgação do uso de recursos para os programas da Secretaria Estadual de Cultura do Estado.

4. A retomada integral dos programas federais com o restabelecimento de um diálogo efetivo com representantes do setor da dança de todo o país.

5. A implantação de ações voltadas ao Intercâmbio Internacional, à Pesquisa, à Circulação, à Difusão da Dança, conforme o vasto material elaborado pela Câmara Setorial de Dança.

6. Um aumento nos recursos para as políticas públicas para a dança nos âmbitos municipal, estadual e federal.

Desde seu início, em 2002, o Movimento Mobilização Dança tem pautado sua ação na defesa dos seguintes princípios para políticas públicas para a cultura:

· Fomento através da implantação de programas destinados ao desenvolvimento da dança contemporânea nas áreas de pesquisa, produção, circulação e memória, com recursos não contingenciáveis, e a garantia de sua continuidade, para reverter a histórica ausência de uma política pública de estado para o setor.

· Participação nos processos decisórios de políticas públicas, através do diálogo entre os poderes legislativo e executivo e a sociedade civil organizada.

· Democratização do acesso aos recursos destinados à cultura, através de editais públicos e mecanismos de difusão, seleção e acompanhamento do uso destes recursos, por parte da sociedade civil organizada.

Após mais de cinco anos de lutas, conjuntamente com a militância de fóruns, coletivos de profissionais de dança e demais entidades da sociedade civil organizada, apontamos as seguintes conquistas:

No âmbito municipal:

· O Programa Municipal de Fomento à Dança de São Paulo, que destina recursos para produção, pesquisa, circulação e manutenção por meio de dois editais por ano conforme estabelecido na lei n.o 14071-05, encaminhada pelo vereador José Américo, e aprovada por unanimidade pela Câmara dos Vereadores, cuja verba foi aumentada para R$ 4.900.000,00 no orçamento deste ano. Em três edições (verba total: R$ 5.500.000,00) o programa já contemplou 40 projetos.

· A criação de uma coordenação de dança na Secretaria Municipal de Cultura.

· A inclusão da dança no programa Vocacional da Prefeitura, que abrange atuação em aproximadamente 54 espaços da prefeitura entre Casas de Cultura, CÉUS, Teatros Distritais, Bibliotecas, etc.

· O estabelecimento no segundo andar da Galeria Olido, de um espaço para o exercício da dança, envolvendo teatro, salas de ensaio e centro de referência.

· A circulação de dança contemporânea (programa piloto para o fomento à dança, realizado em 2004), envolvendo 35 grupos num total de 280 apresentações.

No âmbito estadual:

· O estabelecimento parcial do PAC, com programas de circulação, pesquisa, produção e produção teórica, através de editais concebidos em parceria com integrantes do Conselho Estadual de Entidades, que em 2006 contemplou aproximadamente 70 projetos.

· A reforma e a destinação do Teatro Itália exclusivamente para a dança.

No âmbito federal:

· A implantação de uma Coordenadoria de Dança na Funarte, reconhecendo a dança como área específica de conhecimento.

· A criação da Câmara Setorial de Dança.

· A criação dos programas Caravana Funarte de Circulação e Prêmio Klauss Vianna, realizados por meio de editais públicos. Na edição de 2006/2007, com uma verba de R$ 7.810.000,00, o prêmio Klauss Vianna contemplou 140 grupos em todo o Brasil, selecionados por comissões nas cinco regiões.

· O apoio aos festivais de dança contemporânea.

Apesar desses avanços, e conscientes de que ainda há muito o que fazer para que se estabeleça uma real política pública de estado, nos preocupam os atuais encaminhamentos por parte dos poderes públicos.

No âmbito municipal, ressaltamos a necessidade de utilização integral, em 2008, da verba aprovada pela Câmara para a lei de Fomento à Dança, e a continuação de seu aperfeiçoamento, bem como das discussões com vistas ao avanço de políticas e programas voltados ao setor.
No âmbito estadual, é histórica a resistência do poder executivo ao diálogo com a sociedade civil. A recente criação da São Paulo Companhia de Dança sem um debate amplo e transparente com a sociedade pode levar à monopolização de verbas, à centralização ainda maior dos processos decisórios, e à permanência do vazio de respostas a uma necessidade premente de programas e recursos para a produção de dança do Estado. A rica variedade da produção estadual de dança não pode ser negada em nome de um único modelo estético. Faltam-nos editais, procedimentos transparentes e participativos e principalmente recursos.

Por fim, no âmbito federal, a súbita interrupção de um conjunto de programas bem sucedidos gerou um vácuo de atividades que representa um retrocesso nas políticas governamentais. O Ministério da Cultura ainda deve à sociedade explicações pelas mudanças de rumo nas ações da Funarte, já que a reeleição do Presidente e a manutenção do Ministro pressupunham um apoio à continuidade e ao avanço dos programas desenvolvidos ali. Mais de um ano após a reeleição o que temos é injustificável: verbas menores, programas interrompidos, interrupção do diálogo amplo e continuado com a sociedade civil organizada com a supressão da Câmara Setorial – e nenhuma resposta em relação aos inúmeros pontos que suas discussões levantaram como o apoio à pesquisa, ao intercâmbio internacional e nacional, às políticas em interface com a educação, ao desenvolvimento de ações diferenciadas nas diversas regiões do país, segundo demandas locais, à integração das políticas através de ações articuladas entre Ministérios, Secretarias e as várias instâncias do poder público.

Diante deste quadro, o Movimento Mobilização Dança convida todos os profissionais de dança, fóruns, movimentos, coletivos e demais entidades da sociedade civil organizada do Estado de São Paulo e do Brasil a se manifestarem, reivindicando respostas dos poderes públicos. Aqueles que se identificarem com este manifesto, que o apóiem e divulguem. O momento pede posicionamento e ação.

Movimento Mobilização Dança
São Paulo, 11 de março de 2008